terça-feira, 14 de junho de 2016

Brigamos pelos PALHAÇOS, mas o circo continua - A política como espetáculo


Se somos seres sociais, cadê o senso de responsabilidade?


As lógicas colaborativas pouco aparecem.

Em política, no modelo clássico brasileiro dos partidos, vemos estruturas hierárquicas, líderes a serem defendidos e bajulados, interesses corporativos, sejam eles empresariais, religiosos, etc.

Lugar de empresário é nas empresas, produzindo e gerando riquezas. Assim como o lugar de pastores e de padres é nas igrejas, e não no congresso. Mas os interesses se sobrepõem ao ideal, e o filosófico parece abstrato diante do que acontece na efetividade da vida social.

Em crise, o discurso preconceituoso ganha popularidade, e a insatisfação social e econômica é transformada em ódio contra raça, opção sexual, etc.
Erro categorial! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!

Falta de dinheiro, crise política, opção religiosa, tudo isso não justifica a ninguém ser preconceituoso em um estado laico, como o nosso deveria ser.

Mas os oportunistas estão a solta, inclusive há quem se diga pré-candidato presidencial defendendo teses xenofóbicas. E por incrível que pareça, pessoas aderem a tais posições, não percebendo a banalidade e o perigo dessas adesões.

Ocorre que a ideia de fracasso tomou conta do país inteiro, e o hiato da corrupção atual mostrou que para além de direita e esquerda, o buraco é mais embaixo.

Esta ideia de fracasso é utilizada pelos oportunistas e faz ideologia. Muitos acreditam que o nosso país perdeu!!
E não foi apenas de 7 a 1 da Alemanha!

Isso é um absurdo, pois o Brasil é grande e seu povo é incrível.

Vejam nossas escolas que, sem recursos, até mesmo sem merenda (até porque alguns "espertos" costumam desviá-las...), mas nestas situações degradantes professores, pais e alunos, muitos se esforçam e lutam para uma educação de qualidade.

 

Embora os noticiários e os programas que mostram crânios rachados e bandidos pobres digam que nosso país é um lugar de vagabundos, isso é mentira, pois há muita gente boa e trabalhadora em nosso país. Conheço e convivo com milhares delas...

Também temos em quantidade pessoas vagabundas e sem caráter, o que é normal, pois em todo lugar é assim...

Mas nossa política, é verdade, essa sim está maculada. 

Ocorre que esquerda, direita e centro, brigando entre si para tomar o poder, todos se mostraram, nos últimos tempos, errados em maior ou menor grau:
 

Estamos brigando pelos palhaços, mas o circo continua sempre sob a mesma lógica!

 

O momento espetáculo, com nossa mídia fazendo da política um objeto de entretenimento, governantes corruptos e aparentemente desprovidos de mínimo senso ético, tudo isso faz que as pessoas deixem de acreditar nos governos.

A crise de governabilidade mostra claramente esse aspecto de luta pelo poder.

O bem comum, o "demos" (povo), não é medida comum desta atual luta política. 

O ideal grego de um homem autárquico, de um ser humano autônomo e que exerce sua cidadania plenamente na vida democrática, isso pouco tem haver com o que hoje observamos em nossa política.

A tomada do poder, a busca por exercer a atividade política por meio de grupos e seus respectivos interesses, isso mostra que a noção de autoridade política, tal qual nossa democracia representativa defende, ela está desagregada e desacreditada.

A ideia de líderes é falha, embora nós brasileiros sejamos fãs dos supostos heróis. O coletivo, a participação popular, os conselhos de base, isso nós não vemos nos veículos de comunicação.

Até alguns juízes, agora, se fingem de justiceiros, e atropelam todas as instâncias e divisões do poder, se lançando como figuras midiáticas. Isso é totalmente contrário ao papel de juiz, o qual deve aparecer pouco e julgar bem, pois a lei deveria falar por si e não através de marketing pessoal.

Na política como espetáculo, a inteligência coletiva, a problemática de exprimir o bem comum, e a luta por democratização real das instituições, nada disso está em pauta.

Na verdade não é desinteresse das pessoas, ou falta de intenção ou de inteligência. Há uma mecânica da vida social que retifica o sistema posto e nós temos dificuldade de entrar em contraste com o que é dado por essa plataforma sofisticada.

 Todos queremos um Brasil melhor, mas a luta entre os segmentos políticos, os conflitos de interesses, tudo isso lapida o nosso real para que sejamos complacentes com o que está acontecendo.

Ocorre que nós somos seres que vivemos sob a lógica das relações de troca. Que isso significa?

Na vida política, apoiamos A ou B, desde que sejamos favorecidos nisso ou naquilo. O famoso "dar para receber". Mas este apoio escuso é fundamental para a deturpação da lógica da política em vista da aniquilação do bem comum.

Nossos interesses se sobrepõe ao senso de justiça, somos interesseiros. Neste aspecto, o realismo político de Maquiavel nos esclarece que somos seres intencionais.

Essa intencionalidade de nossas ações justamente tende à satisfações orientadas, na maioria das vezes, para a ganância e o luxo.

Para derrubar o circo político e transformá-lo em um instrumento de uso coletivo, mais que a luta entre os segmentos, há que pensar seriamente este âmbito de nossa natureza que fica sob o amparo dos interesses.

É necessário, pois, pensar sobre isso...

Mas enquanto pensamos... na realidade do Brasil, em nosso legislativo, comitês de ética de câmaras desacreditadas dão as cartas ...em vista de um executivo frágil, aliado ao judiciário que possui suas próprias contradições cada vez mais evidentes, tudo isso leva as pessoas, sobretudo a classe média, a entrar em parafuso e banalizar nossa nação.

Este quadro político não é definitivo!

Não devemos aceitar passivamente da mídia este quadro de horror como irreversível, pois para além dos palhaços que norteiam nossa vida social, há muita gente trabalhadora e que fazem a diferença.




Autor: Edgard Vinícius Cacho Zanette

Todas as imagens utilizadas neste texto são gratuítas e disponíveis no site: https://pixabay.com