segunda-feira, 25 de julho de 2016

Introdução à Filosofia: Filosofar é perigoso! Mas por quê?




Dizia Demócrito que "os homens, ao fugir da morte, perseguem-na". 
(Aforismo 203 - Pré-Socráticos, 2000, p. 292, Coleção Os pensadores).

Assim como fugimos da morte e a perseguimos, parece que o filósofo é aquele que busca a verdade, mas parece não aceitá-la jamais!

Doido, maconheiro, preguiçoso, vive com a cabeça na lua!....

O filósofo é aquele que desde antigamente, e mesmo nos dias atuais, parece chocar a sociedade....

A imagem negativa do filósofo é historicamente maculada por preconceitos que precisam ser interrogados.

Muitos associam a filosofia com a ausência de seriedade no discurso, como se ao dizermos qualquer coisa, estaríamos a filosofar.


Já outros, radicais por outra via, dizem que só os grandes filósofos filosofaram, e todo estudante e professor de filosofia se reduziria a mero "reprodutor".

Embora a "filosofia de bar" tenha seu papel, filosofia possui rigor, mas um rigor que, embora profundo, permite que todos possam "provar" da filosofia e utilizá-la em sua vida comum.


Voltemos, então, a entender e discutir um pouco sobre o que levou e nos incita a questionar filosoficamente as coisas.

O que teria levado os seres humanos, 
em um determinado momento da história, 
a começar a fazer ciência teórica e a filosofar?

O desenvolvimento da espiritualidade humana não aconteceu de uma única vez, 
com os gregos. Mas é verdade que foram eles que colocaram de forma 
original certas perguntas sobre as coisas. 

Estas perguntas se caracterizam, pois, por aquilo que chamamos de racional.

O pensamento é racional quando organizamos argumentos e os justificamos através de provas e processos lógicos.

Embora se paute em provas e em lógica, os gregos do século VII ac. 
inovaram ao tratar o conhecimento como expectativa, 
como um desejo racional que se volta rigorosamente a perguntar sobre as coisas.

De forma peculiar, a filosofia se preocupa pela origem do mundo 
e pergunta sobre um princípio unificador 
(arché) de todas as coisas.

A cultura ocidental, desde sempre tão arraigada às tradições, ela se viu marcada por algo que atravessa sua história.

A filosofia parece "rasgar" a cultura, pois todo o saber
 cultural construído e acumulado, dado nas condições histórico-sociais
 concretas, ele é questionado pela filosofia.

O filósofo é provocador porque ele busca as causas e os porquês!

Filosofar é perigoso!

A cultura, em toda sua dinamicidade e riqueza, ela se vê atravessada, pois,
 por este discurso racional que retira "verdades", 
apresenta dúvidas, e, por fim, exige provas.

Embora a Filosofia também se caracterize, geralmente, pela busca da verdade, não sejamos inocentes.

 Tal pesquisa é tão rigorosa e exigente que parece inclinar mais para o ceticismo que para o dogmatismo de aceitar verdades dadas.

A humanização das explicações sobre as coisas, mostrando facetas diferenciadas do que era dado no pensamento mítico, como, por exemplo, o de Hesíodo, ela mostra que somos testemunhas, mas também acusadores e construtores de nossa própria história.

A interrogação filosófica sobre o "o quê?" e o "por que?", ela foi e será sempre fundamental. 

Nossa cultura, nossa humanização, desde que queiramos viver em um mundo melhor, ela precisa ser atravessada pela filosofia.

Mas se filosofar é perigoso, e, assim, fugimos da morte para encontrá-la, talvez fujamos da filosofia, filosofando...