sexta-feira, 24 de junho de 2016

É possível entender racionalmente a loucura?





 A razão é associada ao certo, ao evidente, ao claro e distinto, ao correto. Enquanto que a loucura geralmente é tratada como a falta de razão, o erro, ou aquilo que não pode ser administrado da mesma forma que o pensamento racional.

Para René Descartes (1596-1650), a loucura escapa à razão. Por outro lado, muitos filósofos céticos defendem que a loucura inviabilizaria qualquer noção de verdade absoluta.

Georges Bataille mostra o quanto o ser humano é descontínuo e solitário.
Para o autor, a quebra da razão, através da proibição, aconteceria no momento da transgressão e do erotismo. Criticando, pois, a razão, a passagem abaixo é interessante:

"A vida humana está exausta de servir de cabeça e de razão ao universo, na medida em que se torna essa cabeça e essa razão, na medida em que se torna necessária ao universo, ela aceita uma servidão. Se não é livre, a existência torna-se vazia ou neutra e, se é livre, ela é um jogo" (BATTAILLE, Acéphale I. Paris: Jean-Michel Place, 1995).



É notável o entendimento diferenciado que podemos tomar acerca da razão. A defesa da razão como positiva é contrastada por autores que defendem que a razão escraviza o homem, o tornando, na verdade, um "acéfalo" (sem cérebro!).
 
Diante da suposta oposição entre a razão e a loucura, a filosofia se preocupa em determinar o lugar de cada qual e saber se podem cooperar ou se são excludentes.

Para determinados filósofos a razão pode, desde sempre, estar enlouquecida, e a loucura seria justamente isso que escapando ao claro e distinto  mostraria o quanto somos limitados, imperfeitos e que a racionalidade plena é uma ilusão.

Esta é a posição assumida, por exemplo, pelo falecido professor de filosofia Oswaldo Porchat. De nossa parte ensaiamos discutir a posição racional de Descartes contra a defesa cética da loucura, representada pela filosofia neopirrônica de Porchat.

Os céticos são aqueles que pelo uso da dúvida, colocam em xeque nossas pretensas verdades. O artifício da dúvida seria um filtro essencial para que possamos levar a sério nossos argumentos.
A dúvida opera como uma navalha posta de forma a ceifar todo argumento que apresente falhas ou inconsistências. Neste  sentido, enfrentar a dúvida ou submetê-la sempre foram alternativas dos filósofos dogmáticos para assentarem suas teorias. Esse foi o caso, por exemplo, de Descartes, que ao usar o veneno da dúvida cética com o fim de assentar a mais inquebrantável verdade, acreditou ter superado em definitivo a tradição cética.
De sua parte, os céticos vem denunciando que Descartes e sua racionalidade jamais passaram seriamente pelos argumentos céticos, mais fazendo um ceticismo fingido que imergindo na dúvida.

Tratamos tais temas no livro que publicamos "Ceticismo e Subjetividade em Descartes" e em um artigo em que opomos a perspectiva cética e a de Descartes. 
Para quem acha o tema interessante, abaixo segue o link para conhecer ou comprar nosso livro e também o link com acesso gratuito ao artigo completo que escrevemos sobre o tema:


Acima temos o link para conhecer/ou comprar o livro: "Ceticismo e Subjetividade em Descartes" - Autor: Edgard Vinícius Cacho Zanette/A venda pela editora CRV.
 

Abaixo segue o link do artigo:



http://issuu.com/edgard94/docs/zanette-e-revisitando-o-argumento-d/1

As imagens utilizadas são públicas e gratuitas, disponíveis no site: www.pixabay.com
 
Autor: Edgard Vinícius Cacho Zanette