sábado, 8 de julho de 2017

Lições básicas de como pensar o xadrez e a filosofia em nossas vidas (1)


1. Fazer o simples é, geralmente, melhor

Escolhas complexas geram muitas alternativas imprevisíveis, e, neste sentido, a escolha simples é melhor. Viver o complexo, viver o tumulto das paixões em uma partida de xadrez e na vida, tudo isso é muito prazeroso. Mas grandes enxadristas táticos, como Tal, se observarmos cuidadosamente suas partidas, jogavam de forma simples até o momento perfeito de executar combinações e jogadas astuciosas. 

2. Ter um plano

Tanto na vida quanto no jogo, sem um mapa geral de orientação, vivemos riscos desnecessários e pouca perspectiva de progredir a médio e longo prazo.

3. Saber em qual posição você está no jogo/vida

Há pessoas, tanto no jogo, quanto na vida, que acreditam ser reis e rainhas, quando são, metaforicamente dizendo, peões ou cavalos!
No xadrez, não há lugar para a hipocrisia, mas na vida, nesta a hipocrisia parece reinar!
Neste sentido, o peão pode sim dar check-mate ou transformar-se em qualquer uma das outras peças. Já dizia Philidor que os "peões são a alma do xadrez". É necessário, pois, ter uma humildade virtuosa, como dizia Descartes, e reconhecer a nossa singularidade.


4. Saber o momento de ceder e sacrificar

As coisas não acontecem como gostaríamos!
Como é ruim quando descobrimos que estamos quase perdidos, ou em posição muito inferior!
 A sorte e o oponente, tudo isso faz com que sigamos por caminhos desagradáveis. Ocorre que o xadrez nos ensina a avaliar o contexto geral e nos orienta a ceder, seja espaço ou peças, de forma a reconhecer uma derrota parcial, aspirando uma vitória futura, ou, ao menos, nos preparando para futuras vitórias.

5. Saber o momento de marcar posição/combater

Nas relações interpessoais, como no xadrez, só devemos ceder quando temos que ceder!
Marcar posição é fundamental!
Como diz um amigo: "bonzinho só se fode!"

Há uma luta contínua por poder, um pouco no sentido nietzschiano da palavra. Ora, para haver equilíbrio em nosso jogo/vida, é fundamental ter calma, mas, ainda assim, mostrar que é necessário que o(s) outro(s) nos respeite. Como bem dizia Maquiavel, na política, nem sempre o amor nos leva para a ordem e a felicidade. Ao contrário, muitas vezes, é o amor pelas nossas paixões e emoções que nos cega e leva-nos para o abismo.

Então, por vezes, talvez a máxima de que é melhor ser temido do que amado pode nos ajudar! 
O mesmo ocorre no tabuleiro e na vida.

Se todas as vezes que um amigo/esposa/chefe se impõe de forma desagradável e/ou sem respeito, se sempre aceitarmos sem diálogo, sem marcar posição, estamos ferrados!

Pensemos, pois: 
Em uma relação de amizade/amor/trabalho, se você sempre ceder vão "cagar na sua cabeça"!

Mais uma vez, pensemos à la Maquiavel, que no jogo e na vida, é necessário ser tanto leão quanto raposa: 

A raposa conhece as armadilhas, mas não se defende dos lobos. 

O leão assusta os lobos, mas não se defende das armadilhas.