Nos assustamos diante da falta de moral/ética de muitos dos nossos políticos, e acreditamos que o nosso país está perdido.
Chega a ser noticiado que compramos carne, mas estamos comendo outras coisas (papelão, merda, etc.).
Em uma sociedade bizarra como a nossa, temos que entender que há uma confusão entre assimilar a "moral" com a "ética".
A moral se refere a um saber já dado, isto é, aos valores e regras que uma dada sociedade construiu historicamente e aceita como "o correto".
Na Ética Filosófica, mais que um conjunto de regras, temos sistemas e teorias de orientação, geralmente propositivas, psicológicas, individuais ou coletivas, teóricas e/ou práticas, mas que supõem uma certa inventividade quanto à aplicação da ética.
Em outras palavras, a moral diz "como fazer/o quê fazer", enquanto que a Ética Filosófica, por sua vez, nos orienta em "pensar o por quê do fazer/ e como fazê-lo segundo este pensar".
Ciência dos fundamentos, a Filosofia nos presenteia com tais problemáticas, e em dias de tamanho desmantelo dos valores básicos, em que a corrupção parece inevitável, cabe lembrar que os momentos de crise são passagens para dias melhores.
Assim como a origem da Filosofia ocidental emerge, na verdade, da "desconfiança", a ética também possui suas raízes nela.
Aristóteles nos diz que a origem do filosofar está no espanto. Ficamos maravilhados com a ordem do mundo, a beleza das coisas, etc., e, assim, ficamos "espantados".
Eu prefiro pensar que a "desconfiança" é a origem do filosofar e de toda atitude crítica.
Quando desconfiamos podemos nos indignar, e mesmo nos espantar, e assim cobramos ética e exigimos respeito e mudança.
É por isso que a Filosofia Ética, desde os gregos, é sempre atual, pois ela nos faz entender melhor tais momentos de desilusões e problemas.
Aristóteles, por exemplo, insiste em sua obra Ética a Nicômaco, que todas as coisas tendem a um bem qualquer. Neste caso, o bem para o ser humano é a excelência, e para alcançá-la, devemos ser virtuosos.
Neste caso, a Filosofia nos mostra que não basta "ser", sendo necessário, pois, aperfeiçoar o nosso jeito de ser, criando o hábito da virtude.
Se muitos dos nossos políticos não "parecem ser morais", é por que nossa condição histórica os acomodou nesta situação.
Para revertê-la é necessário educação, conscientização e luta política. É claro que isso é muito difícil de fazer...
Embora pareça haver um abismo entre as teorias éticas e a política real, não basta que aceitemos o desastre como inevitável.
Sabemos que vivemos sob a ditadura do dinheiro. Nela, temos a falência de uma sociedade que está longe de pensar a educação como prioridade.
Os burocratas e a sociedade trata os professores e servidores como lixo, e os alunos, por sua vez, não querem aprender...
Então, como "obrigar" alguém que não quer saber, saber algo que ele não sabe, embora é importante que ele saiba?
Os professores até reduzem a exigência, usam o lúdico, e tentam acompanhar os gostos dos jovens, utilizando a internet e aplicativos, sempre tentando tornar as aulas "mais interessantes", mas nada disso parece suficiente.
De todo modo, não é assim em todos os lugares, bem como nem sempre foi assim, e tampouco teremos essa falência da educação e da ética para sempre, sobretudo nos pautando no Brasil.
Em qualquer luta, há de haver conscientização.
É por isso que filosofar é preciso...
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