quinta-feira, 18 de maio de 2017

A ciência não pensa: o problema da técnica em Heidegger


O problema da técnica aparece em certo momento da modernidade, na medida em que há uma interrogação sobre o estatuto epistemológico e ontológico da técnica. Primeiramente há que considerar que a técnica não é um lugar, visto que não podemos apontá-la de modo claro. O campo do técnico não encontra um lugar próprio, a técnica é totalizante. A técnica é a produção humana de artefatos exteriores ao homem que visam uma certa efetividade na constituição de um fim. Já a tecnologia difere da técnica. A tecnologia parte dos dispositivos científicos. É um fazer mais complexo e que se aplica a um campo determinado, com projetos e cálculos próprios da prática científica.
Pensando a questão da técnica Heidegger coloca a seguinte questão: Qual é hoje (século XX) o aparecimento do outro, da diferença com relação a técnica? Infelizmente, Heidegger constata a impossibilidade de apresentar um outro, um grande outro que se oponha ontologicamente ao império do técnico. Pensando sobre o desenvolvimento da técnica, torna-se latente uma contradição apresentada por Heidegger. A técnica se manifesta de forma peculiar na modernidade, mas nessa passagem não há uma simples evolução.

Na modernidade a técnica não permite o aparecimento do absolutamente outro. Isso é complicado, considerando que o outro sempre existiu. A importância do outro é fundamental, pois ele impõe um limite. Ao ficarmos sem o outro com o advento da modernidade, é difícil encontrar um campo fenomênico onde a técnica não impera.

O problema da técnica surge assim como um problema central a ser superado pelo pensamento heideggeriano.
O problema da diferença mostra-se nessa impossibilidade de pensar o diferente como limite. Aqui voltamos à questão husserliana: Como é possível o aparecimento do fenômeno? Dizendo de outro modo, qual o estatuto da consciência intencional? 

O projeto heideggeriano abre uma analítica existencial a partir do ente privilegiado que abre mundo e sentido, o dasein. Diferindo nesse ponto de Husserl, Heidegger preocupou-se em determinar o aparecimento do fenômeno sem afirmar um eu em que a transcendentalidade possa operar em um aparato categorial.

Ortega e Gasset, retomando esse projeto heideggeriano, procurou pensar o eu que não é a consciência e nem o mundo, mas haveria uma outra instância, uma coabertura em que pensa-se um singular absoluto, sem um aparato categorial, em que emerge uma abertura sem um mundo empírico absolutamente determinado, mas que mesmo assim se abre a esse singular. Esse conceito de singularidade é fundamental a essa retomada de Ortega e Gasset.

Heidegger pensa que não cabe em sua investigação uma definição  em termos genéricos, como geralmente a tradição o fez, desse ente que nós somos. O que há é a pura produção do mundo. 

Para indagar acerca do que seja essa pura produção do mundo, Heidegger questiona quais são as circunstâncias que a técnica promove. Neste sentido, a técnica permite ainda uma dinâmica fenomenológica de abertura? Essa questão volta-se ao problema da morte heideggeriano, na pergunta sobre o porque se preferir viver a deixar de ser? Só há esse tipo de questionamento porque o homem não é uma sofisticação do animal, com seus instintos desenvolvidos. Essa explicação que apelava ao instinto falhou e deixou uma lacuna a ser superada. O homem vive por escolha, porque escolheu, não por natureza, por instinto. Mas se o homem escolhe viver, porquê? Por quê querer estar no mundo?

O conceito de vida, dessa vontade de viver, não é um ato biológico e necessário. E mesmo se voltarmos à questão das necessidades materiais, mesmo na busca por satisfazê-las o homem procura não somente realizá-las, mas também suprimir o tempo em que elas acontecem. 

Como viver não é um ato involuntário e automático de nossa natureza, o homem decide autocriticamente viver. Mas esta escolha implica em uma difícil possibilidade, a possibilidade da morte. A possibilidade da morte é a angústia de estar consciente da auto-supressão. E esta questão é a mesma que o problema acerca do estatuto do ente, pois porque existe o ente e não antes o nada?, questiona-se Heidegger. Essa questão Heidegger retoma dos gregos, postulando a possibilidade do negativo e da nadificação. 

O nada não é o nada absolutum, mas é a a diferença que não é ente em hipótese alguma. Essa diferença que não é ente em hipótese alguma. Essa diferença entre o nada não é substancial, somente o ente é substancial. Para Heidegger o nada é aquilo que em hipótese alguma pode ser ente.

A natureza (physis) é a circunstância, o que circunscreve o homem. Há uma união originária entre ambos, o que não ocorre com a técnica, pois a técnica não é natural.  A produção da técnica não serve para satisfazer as necessidade, pelo contrário. O impulso originário de satisfazer suas necessidades foi suprimido pela técnica. 

Os animais não podem desalojar-se de seus instintos naturais. Essa coisa que é o homem, por sua vez inventa e executa coisas extranaturais consigo mesmo e com tudo aquilo que lhe circunscreve. A técnica modifica, desse modo a relação do estar-aí no mundo. Aqui temos o problema do estatuto da existência da modificação do homem em estar no mundo. Sob este aspecto basta lembrarmos o mito de Prometeu, que toca na questão da condenação do humano por ter desafiado a ordem imposta pelos deuses.

Assim como prometeu tentara deslocar a ordem natural, a técnica também é uma deslocação, uma reforma da natureza humana que é contrária à adaptação humana ao meio. Sobre esse aspecto da técnica, Ortega afirma que o homem é uma animal no qual só o supérfluo é necessário. 

Quem coloca essa necessidade do supérfluo é a técnica. Mas esse necessário é a negação do originariamente necessário. Isso apresenta-se muito claramente na busca contínua pela economia do esforço e pela supressão do tempo. Com essa deslocação da técnica aquilo que era uma imposição da natureza, a satisfação de necessidades, torna-se uma inversão, pois o homem impõe à natureza uma sobrenatureza, anulando a angústia originária, modificando ontologicamente o estar-aí no mundo.

A técnica na modernidade é um desabrigar. É uma exploração que impõe à natureza a pretensão de fornecer energia. 

A técnica intima a natureza a extrair a seus serviço todas as potencialidades armazenáveis de cada ente. O que é interpelado deve fornecer tudo o que é requerido. Esse a-disposição  pauta-se no controle e na segurança que constituem-se as marcas fundamentais do desenvolvimento explorador. 

O técnico, nas palavras de Heidegger, “desafia o próprio ente a estar sempre disponível”. Lidar ontologicamente com a técnica é recolocar o próprio modo de compreender a essência.
Em busca de se pensar a técnica ontologicamente o que está em jogo é a determinação do próprio movimento reflexivo da filosofia. Neste sentido, Heidegger retorna a essa tradição que o antecedeu. Investigando o movimento reflexivo da modernidade, Heidegger constatou que Kant em sua busca por superar o dogmatismo metafísico da modernidade, teria criticado a concepção cartesiana de tempo. 

Diz Kant: por que o cogito é presente e não devir? Por que o cogito não é uma apercepção transcendental fundante? Hegel por sua vez, teria retomado os projetos cartesiano e kantino, afirmando que mesmo kant tendo nos mostrado o mar, sua superação de Descartes não chegou a bom termo, pois não teria conseguido nos molhar. Desse modo, Kant apontou o âmbito do impensado mas não teve a coragem de invadi-lo e Hegel fechou o seu sistema com um télos absolutamente problemático. Contudo, no interior destes embates, há uma outra objeção a kant que determinou o discurso filosófico dos séculos XIX e XX. 

Heidegger se volta, sobretudo, a essa questão, a saber: seria válida a supressão da Metafísica feita  por Kant?

Em busca de se pensar a técnica ontologicamente o que está em jogo é a determinação do próprio movimento reflexivo da filosofia. 

Com a técnica a impugnação kantiana deixa de ser absoluta e torna-se necessário retornar às questões ontológicas. Deve haver outro caminho, pois se não pode apresentar-se um pensamento do fundamento infundado, caímos na técnica. E mesmo quando nos voltamos para as estruturas que tornam acessível aos outros entes aquilo sobre o que se discorre, que é a linguagem, o discurso apofântico,  a questão da técnica põe em xeque até mesmo essa estrutura.

Com o declínio do idealismo alemão, o discurso positivista dominou a  segunda metade do século XIX. Mas esse domínio não se dá por completo, considerando que o discurso positivista não supera o metafísico, mas se sobrepõe ao mesmo. 

Ao pressupor a subjetivação do mundo, o discurso positivista acredita cegamente em uma evolução do pensamento que se expressaria na ciência. Mas se de um lado, não é mais possível aceitar as figuras clássicas fundantes. De outro lado, a ciência positiva não é suficiente para se sair desse impasse. Heidegger procura, desse modo, pensar o estatuto do existente sem cair no dogmatismo metafísico. Para tanto, é preciso pensar o estatuto da técnica ontologicamente, pois pensá-la epistemologicamente é estar no âmago da ciência positiva. 

O problema da epistemologia é que ela se mantém como um meta-relato. Ela não é ciência mas diz o que é ciência. A epistemologia define o que é cientificidade e estabelece um critério de verdade para ciência de fora da mesma.

Já na pós-modernidade não haveria mais espaço para grandes relatos metafísicos entorno da fundamentação do conhecimento. Há novos tipos de produção de saber, múltiplos e dispersos. Contudo, essa condição da pós-modernidade define o saber de uma maneira não menos problemática que suas antecedentes, pois hoje ser é ser transmitido

Por ser transmissível, há a proliferação de sentido como pura circulação, como circulação contínua, como flexibilização contínua. A técnica seria uma produção do homem, na medida em que é impossível separar o humano de suas ferramentas materiais. Há uma dimensão na qual homem, o simbólico e os instrumentos materiais são unidos, visto que os atores humanos, em seus mais diversos papéis, interpretam e refazem as técnicas. Mas se a técnica possui esse aspecto determinante ao homem, cabe perguntar: se a técnica é fundamental para o aparecimento ou se ela é apenas privilegiada?

Se pensar o devir é pensar a técnica, como afirma Heidegger, uma sociedade permanece condicionada a esse condicionamento que a técnica lhe impõe. A técnica condiciona, mas por outro lado, estranhamente ela abre possibilidades, ao condicionar exemplos de novos fenômenos. 

O homem, neste caso, produz coisas que por sua vez modificam e produzem diferentemente o próprio homem. Por vezes ocorre a complexa situação em que as próprias técnicas por si mesmas se impõem independentemente da própria racionalidade humana. A técnica não segue a racionalidade. Por essa fluidez, as técnicas são desprovidas de qualquer essência estável.

Heidegger considera que podemos interrogar ontologicamente o Ser perguntando: Ser é ser transmitido tecnicamente? Não há espaço para um método epistemológico clássico a ser rigorosamente seguido, como ocorre em Descartes, por exemplo. Há um instrumental ontológico sem voltar à ontologia clássica. Os positivistas pegam Kant para afirmar: devemos abandonar completamente a metafísica. Entender Kant como uma teoria do conhecimento é um dispositivo central da tese positivista. Neste caso podemos indagar: há ontologia ou epistemologia em Kant? 

Heidegger afirma que Kant expõem uma ontologia, o que levou ao seu fervoroso debate com Cassirer, defensor da tese oposta. Assim , para Heidegger pensar uma ontologia fundamental é superar a metafísica dogmática  que se centra na busca pelo fundamento infundado. O projeto heideggeriano é o de uma ontologia da diferença e do devir.

No questionamento Heideggeriano sobre qual o sentido do mundo? Saber o que é o ser é interrogar pelo estatuto do existente. Mas como é possível que o existente tenha sentido mesmo antes de sabermos como esse existente funciona? 

Para Heidegger o problema da metafísica é o problema do esquecimento do ser. A metafísica voltou-se exclusivamente ao próprio ente e não para o ser. Nesse sentido, desde Platão a história da filosofia é a história do esquecimento do ser. Como ente é tudo aquilo que presentifica, o território do ente é qualquer campo fenomênico possível, pois tudo é ente e fora dele não há mais nada. Tudo que de algum modo é, que se apresenta a essa coisa que sou, é ente. Há o puro aparecer, como uma pura explosão de ente. O nada é a diferença pura. Cada presentificação do ente oculta o nada que permite esse aparecer. Essa manifestação é linguagem, pela linguagem o sentido se abre enquanto presença do ente. “A linguagem é a morada do ser”.

O presentificar-se do ente acontece, é a abertura onde a presença se dá, essa abertura é o Dasein. Aqui a pergunta grega feita pela filosofia de Heráclito é retomada: Por que existe o ente e não antes o nada? A verdade originária do ente é o próprio espaço originário no qual o ente se dá, é o desvelar do ser, (alétheia). A  alétheia não é adequação, como a adequação era compreendida na modernidade. Heidegger desenvolve o modo epocal de indagar acerca do ser, em “Ser e Tempo” Heidegger defende que ser é tempo. Mas se fora do ente há o nada, pressupõe-se um nada do ente: “o ser é o nada do ente”. 

Este nada não é negatividade e carência, não é um nihil negativum. Essa é uma diferença ontológica que não é substancial. Há uma distinção, neste caso, entre o ôntico e  o ontológico. Ôntico se remete ao ente, enquanto coisa. Ontológico se remete ao ser, enquanto sentido da coisa. Perguntar ontologicamente acerca do ser é construir o percurso da historicidade do ser, mas não de sua historiografia. Nessa reconstrução o ser se oculta desvelando o ente hoje a partir de um modo de ser técnico. Não há ente hoje que não seja técnico.

A técnica não é um fenômeno circunscrito, o problema da técnica é a procura pela total determinação das coisas. De um lado, essa procura se liga à analítica existencial, ao modo do Dasein viver um acontecimento. De outro lado, discute-se a própria mobilização total de radiações que podem abarcar tudo.

 Esse reconhecimento da capacidade totalizante da técnica apela à necessidade de pensar a técnica como manifestação epocal. Por conseguinte, pensar a técnica é pensá-la em seu acontecimento epocal. Para Heidegger o modo de ser do homem se dá em sua historicidade e não em uma antropologia filosófica.

Ser é um acontecer. Ser é o sentido do mundo, horizonte hermenêutico do aparecimento do ente. É o modo próprio como objetos dispersos se tornam mundo. Mas a dinâmica da manifestação epocal do ser não responde senão a uma análise prévia. Não há télos,  tampouco eterno retorno. É algo trágico. Pois não há como preparar-se para o que virá, isso é destino. Destino é no sentido de uma composição singular. Não podemos ser livres no sentido pleno do termo. 

A própria possibilidade da liberdade é aberta pelo destino. Esse conceito tão controverso é desenvolvido por Heidegger com o intuito de eliminar dispositivos mecânicos que guiariam o aparecimento. Apesar deste aspecto trágico e singular do pensamento heideggeriano, por outro lado, há sentido no mundo, e aqui no âmago desta abertura somos livres. Neste âmbito somos livres porquê o mundo se compõe de singulares infinitos, não há como determinar a priori o que é o ser. Somos criados no próprio acontecer do existente, nós não fazemos o mundo, o mundo nos faz.

Ser livre é entender o acontecer do mundo em sua totalidade, que enquanto totalidade é a totalidade de todo e qualquer sentido. Por isso que se fala no pensamento heideggeriano em uma compreensão pré-ontológica, justamente porquê o sentido dessa questão originária já está dado previamente. E não somente neste caso, mas para qualquer questão que possamos colocar, antes se considera que há mundo

Essa primazia do sentido do mundo explica porque Heidegger considera que epistemologia e moralidade são perspectivas filosóficas secundárias, na medida em que elas já fazem parte de um mundo, pois o sentido do campo de sentido dos objetos é um problema ontológico.

A técnica não é a mesma coisa que a essência da técnica. A técnica é uma instalação, um instrumentum. Por um lado, a técnica é um meio para fins. Por outro lado, a técnica é um fazer do homem. Enquanto considerada como essa instalação, o que permite ontologicamente que ela se manifeste assim? Se tudo é organizado sob o modo de aparecimento do técnico, a própria  explicação de como o mundo faz sentido se remete à totalidade técnica.

A procura por pensar a essência da técnica e não sua condição de possibilidade. Heidegger não quer recair na questão da subjetividade. Pensar a  essência  da técnica é compreender que o ente está absolutamente reconhecível, o ente está cada vez mais exposto e quantificado. A técnica é algo mais que um simples aparecimento. O ente está aí à disposição do técnico, é um estar aí útil à mão. Há o domínio global da técnica. Por essa característica global a técnica se constitui numa forma de produção de verdade. “A ciência não pensa”, ela não faz uma interrogação originária de seu próprio sentido. 

A técnica é um modo de aparecimento da verdade da época, o mundo desaparece no técnico. A disponibilidade total é o que constitui a técnica, pois nunca antes um modo de aparecimento havia sido tão dominante, impondo o seu modo de disposição ao próprio ente que abre mundo. É onde o esquecimento do ser implica o maior grau de ocultamento do ser.

Heidegger discutindo com a tradição remonta à noção de causalidade em Aristóteles e pergunta-se: Por que as quatro causas aristotélicas possuem um caráter unitário? Criticando a concepção aristotélica Heidegger mostra que  a causa é o que compromete à uma outra coisa. É o comprometimento enquanto o ser-com, um aparecer conjuntamente. Esse conceito heideggeriano  não seria o de causa eficiente ou final que manifesta na mecânica. Pois a causa inicia e não finaliza a coisa. Contudo, ainda não se determinou qual seja o instrumental que reside no causal? 

O ocasionar é o que define a essência no sentido grego. Esse ocasionar remete-se à outros conceitos retomados dos gregos por Heidegger que são fundamentais à sua explicação. Os principais conceitos são o de apofainestai (trazer à luz), lógos  (recolher com sentido), poinsis (aparecer, no sentido de produzir) physis (o que a partir de si emerge) e alétheia (veritas, verdade como adequação). Todos esses conceitos retomados por Heidegger indicam que o problema da produção, do aparecimento da técnica não é factual, se torna factual, mas é originariamente ontológico. Esse ocasionar é o que leva à luz ao que se apresenta. Mas com o advento do técnico o aparecer é uma pura produção instrumental.  

A técnica é um modo de desabrigar, onde acontece a aletheia. Esse modo de desabrigar armazena como fonte de energia o próprio ente. O ente torna-se um depósito de energia. A consequência é que esta disponibilidade faz aparecer somente o ente, já o ser está completamente esquecido.

O ente, qualquer que seja, está aí disponível como fonte de energia ou de manuseio. Está a serviço da técnica e de suas trocas. A técnica não deixa fendas possíveis, não é possível estar fora da técnica. Mas como dar um passo reflexionante a mais que a dominação global da técnica? O pensamento em geral se encontra sob o domínio da técnica. Como o técnico manifesta-se de forma pouco ortodoxa, só é possível operar uma investigação ontológica sobre a técnica de forma distinta dos moldes tradicionais. 

Mas  ainda há espaço para pensar fora da técnica se tudo é atravessado pelo técnico? Heidegger responde que sim, o poetar é um questionar originário que pode não seguir o domínio da técnica.

A a arte é aquilo que faz criar mundo, dá sentido para a existência. Um modo breve e singular que abre sentido, e desse modo, rompe estruturas de ocultamento do ser. Heidegger invoca a arte para poder pensar a técnica para poder pensar a técnica, de um modo que não seja técnico. Sendo assim, a arte, como poetar, possui o privilégio do próprio pensar.


Referências Bibliográficas:

Heidegger, Martin. Ensaios e conferências. Tradução: Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.


Notas de aulas - Autor: Edgard V. C. Zanette - Uso exclusivo para leitura e estudos.

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