domingo, 12 de junho de 2016

Quem joga xadrez não pensa

 
O Xadrez não é o jogo da estratégia
 
 
 
 
Nosso pensar funciona como uma armário. Vamos colocando coisas dentro e as organizando nas gavetas que estabelecemos arbitrariamente como certas. É difícil mudar as gavetas! Somos preguiçosos, e nossa mente, geralmente, só altera o que está dentro delas.

Somos chatos e repetitivos - Nossa natureza é assim
 
 
 
Tudo padronizamos, e precisamos criar lógica em todas as nossas ações. Vejam hoje, por exemplo, dia dos namorados! Todo mundo postando coisas parecidas nas redes sociais, se presenteando e dizendo coisas belas. Ir ao trabalho, cuidar do corpo, limpar o corpo e comer. E isso tudo é tão repetitivo e igual, e tudo tão maluco. As mulheres, por exemplo, são tão insanas que gastam fortunas arrancando os pelos, ou pintando partes do corpo, como cabelos e unhas.
 
E quando perdemos a lógica? Tudo cai por terra. Perder um parente querido ou ser abandonado pela pessoa amada, tudo isso nos arrasa. Muitos não conseguem sair da cama, de tanta tristeza.
 
Observem que a depressão é uma doença comum e a cada dia ganha mais e mais adeptos. Ora, nós lutamos contra a chatice da vida. Entre tantas coisas, é por isso que fazemos as loucuras e nos embriagamos. O dionisíaco, a embriaguez tem papel fundamental para que sejamos capazes de suportar a vida, pois a vida tem que ser alimentada. Se não cultivamos a vida, ela morre e nós também.
 
As piores idiotices que fazemos são aquelas em que sabemos o que devemos fazer, queremos fazer a coisa certa, mas ai aquele um por cento "fode tudo" e logo fazemos uma bela de uma cagada.
 
Entre o saber e o não saber, o xadrez não é o jogo da estratégia, porque há estratégia em tudo, inclusive quando fazemos besteiras.
 
A questão primordial que norteia a estratégia enxadrística é a criatividade em não deixar nossos padrões de pensamento dominar nosso jogo.
 
Por quê as crianças jogam tão bem o xadrez?
 
 
 
Por que elas estão, geralmente, com a mente menos padronizada, elas não se fecham nos esquemas como nós adultos. A fantasia, assistir desenho animado, brincar e acreditar em papai noel. Vejam, as crianças são menos mecânicas que nós adultos.
 
A criatividade em não jogar o óbvio, em arriscar, em adentrar o campo escorregadio do desconhecido, a criatividade no xadrez é peça mestra para o sucesso no jogo.
 
 
Estudamos os esquemas, fazemos plano de trabalho e organizamos o xadrez cientificamente. Mas tudo isso deve complementar a criatividade, essa última é o ponto nevrálgico do sucesso.
 
Basta lembrar de Kasparov e Fischer. A obsessão destes dois pela criatividade no jogo de xadrez chama atenção, pois ambos uniam o rigor do científico com uma explosão de criatividade. Magnus Carlsen, entre outros da atualidade, também demonstram claramente isso.
 
Pela minha experiência como praticante do jogo, embora não tenha dados de uma pesquisa empírica, mas imagino que, podemos chutar algo por volta de 80 por cento dos nossos lances são feitos de forma automática.
Que isso significa?
 
Ora, jogamos xadrez sem pensar!
 
Ou melhor, jogamos xadrez pensando de forma automática!
 
 
É quando desconfiamos do óbvio, quando não seguimos automaticamente nossa primeira intuição de como prosseguir, é pela capacidade em pensar o diferente, é assim que fazemos da estratégia a aliada da criatividade. Só a estratégia, por ela mesma, é frágil e incompleta.
 
Enquanto que o segredo do sucesso no mundo dos negócios é padronizar, no xadrez ocorre o contrário, nele é necessário rasgar com o óbvio, brincar com as coisas, fantasiar e arriscar.
 
O mundo onírico, o dadaísmo, a loucura. A busca pelo sentido diante do aparente não sentido, estes são elementos marcantes de uma luta a ser feita contra o domínio absoluto dos padrões.
 
 
 
 
Aparência não é essência, dizem os filósofos!
 
Alcançar a maestria no xadrez é ter condições de começar a entender o xadrez de um modo não trivial.
 
Pensar, ou usar o pensar melhor no jogo de xadrez, isso depende que aceitemos a interação entre o trivial e o espetacular.
 
Como você é jogando xadrez? Você padroniza seu jogo? Sempre repete aberturas e esquemas de jogo? Você abre espaço para pensar o não óbvio? Porquê seu jogo não melhora? O que você pode fazer para se concentrar melhor?
 
Estas são questões que todo enxadrista deve fazer para progredir. Mais uma vez, é difícil falar em xadrez sem que citemos Sócrates!
 
Sempre é, como não: Conhecer a si mesmo é fundamental. 
 
 
 
Autor: Edgard Vinícius Cacho Zanette

5 comentários:

  1. Acredito que nos negócios também podemos ser menos óbvios e mais criativos. Evitar alguns padrões pré estabelecidos. Amei o texto.

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    1. Concordo plenamente! Os padrões nos ensinam mas nos aprisionam Jac. É assim, e a Filosofia e o xadrez podem nos ensinar muito sobre a busca por criatividade. Legal que tenha gostado! Me incentiva a continuar....

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  2. Sim! A Filosofia e o xadrez os ensinam muito Aline. Nos fazem pensa o real. Tem que cuidar para distinguir as coisas. Na academia, realmente somos reféns das exigências dos professores. Mas você pode criar uma zona de conforto para escrever e pensar para si mesma e por si mesma....Sucesso nos estudos!

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