quarta-feira, 19 de abril de 2017

II EEPE - Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão da UERR



Submissão de trabalhos para o II EEPE



A Coordenação do II EEPE (Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão da UERR) receberá de hoje (19), até o dia 30 de abril, as inscrições para submissão de trabalhos (resumos, apresentações e exposições culturais) para evento, que nesta edição acontecerá de seis a oito de junho, no campus Boa Vista.

O Encontro terá como tema os “Desafios da Educação Superior em Roraima: Perspectivas do mercado de trabalho em face das atuais políticas públicas”.

Poderão submeter trabalhos os estudantes de graduação, pós-graduação, docentes e profissionais com interesse na temática do evento.

O interessado em participar do evento, seja como ouvinte ou apresentador (resumo ou apresentações culturais) deverá preencher a ficha de inscrição disponível no edital (Anexo C), e encaminhar à Comissão Organizadora por meio da página oficial do Evento, no endereço www.uerr.edu.br/eepe, na aba INSCRIÇÕES.

O interessado em apresentar comunicação oral (resumo) ou apresentações culturais deverá preencher, além da ficha de inscrição do evento, um dos anexos correspondentes a atividade (ANEXO A: para resumos de comunicações orais nos GTs; ANEXO B: para apresentações culturais).

O resultado da seleção será publicado na página oficial do Evento até o dia 14 de maio, com a divulgação do local, data e hora da apresentação dos trabalhos.

Os trabalhos aprovados e apresentados nos Grupos de Trabalho (GTs) poderão ser submetidos à avaliação do Conselho Editorial da “Revista Eletrônica Ambiente – Gestão e Desenvolvimento” para posterior publicação.

Grupos de Trabalho:

GT 1: FONTA/GEPALE – FONTA – Formação de Professores, Novas Tecnologias e Avaliação; GEPALE – Estudos e Pesquisas em Política e Avaliação Educacional (Unicamp/Uerr). Coordenador: Prof. Dr. Josias Ferreira da Silva.

GT 2: Planejando a Amazônia Setentrional – Dinâmicas territoriais, desenvolvimento social e patrimônio em Roraima. Coordenadora: Prof. MSc. Elionete de Castro Garzoni

GT 3: Teoria Política, Questão Social e Políticas Públicas. Coordenadora: Laurinete Rodrigues da Silva.

GT 4: Fábrica de Software. Coordenador: Prof. Wender Antônio da Silva.

GT 5: Corpo, Mente e Subjetividade. Coordenadores: Marcos Alexandre Borges e Edgard Vinícius Cacho Zanette.

GT 6: NUPECEM – Núcleo de Pesquisa em Educação e Ensino de Ciências e Matemática. Coordenadora: Juliane Marques de Souza.

GT 7: Agroecologia. Coordenador: Plínio Henrique Oliveira Gomide

GT 8: Educação. Coordenador: Alessandra Peternella

GT 9: Ensino de Ciências. Coordenador: Ivanise Maria Rizzatti

GT 10: Segurança Pública. Coordenador: Renildo do Carmo Teixeira

GT 11: Gênero, subjetividades e deslocamentos. Coordenador: Raimunda Gomes da Silva

GT 12: O léxico e suas dimensões linguísticas. Coordenador: Maria do Socorro Melo Araújo

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Nietzsche e a morte do xadrez



Nietzsche e a morte do xadrez

A cientificidade do xadrez computadorizado nos mostrou o quanto somos limitados. Deep blue (a famosa e controversaa máquina de jogar xadrez da IBM), ele não venceu Kasparov.
O que Deep blue fez foi muito mais!
Sua aparição significou um momento de ruptura.
Após o controverso match “vencido pela máquina”, a ideia de que nós, seres humanos-limitados, seríamos os mestres da cientificidade, ela foi completamente derrubada.
A derrota de kasparov marcou de uma vez por todas a morte do xadrez como uma campo significativo controlado por nós humanos.

De fato, o xadrez não morreu, quem morreu foi o homem para o xadrez!

Isso porque há mais de duas décadas estamos mergulhados em máquinas que nos ensinam como jogar.
Mesmo monstros como Magnos Carlsen, quando acompanhamos suas partidas, como no último match contra Karjakin, com a análise contínua de “engines”, parece que os melhores do mundo eram tão “frágeis”, pois “erravam tanto”...segundo as análise maquinais...

Neste sentido, os computadores mudaram o xadrez para que ele saísse de românticas ideias de cientificidades humanas para adentrar em uma estática análise numérica.

As teorias clássicas, sempre importantes, elas são pautadas em conceitos e métodos pré-estabelecidos. De fato, elas são importantes e parecem orientar e conduzir jogadores para que alcancem até o Top 100 mundial. Porém, certamente não dão conta, por elas mesmas, de prepará-los para o Top 10.

Como “contadores”, a compartimentação do xadrez está criando outros campos significativos. Isso parece, talvez, uma espécie de perspectivismo totalmente novo, até porque o clássico foi sendo cooptado por esse novo âmbito experimental tão computadorizado.

Quanto ao tema, algo salutar é a mudança e a diminuição do tempo da reflexão.
As modalidades de xadrez relâmpago e xadrez rápido ganham terreno, e mestres como Nakamura fascinam a todos com um xadrez de alto nível técnico em um modo “fast”.
Nós morremos para aquele xadrez de partidas que duravam dias, de equipes que viravam madrugadas tomando vodka e calculando e memorizando lances.
Esta reversão dos valores do xadrez, de um xadrez que se tornou racional para as máquinas e irracional para os humanos, ela nos lança para um campo significativo novo.

De todo modo, sempre gostei de refletir sobre a natureza do xadrez.

Esta ruptura singular que implica em uma mudança de sentido jamais vista, ela pode ser pensada no xadrez a partir de uma analogia com a filosofia de Nietzsche.
Para quem inicia os estudos filosóficos, é difícil não se assustar com o pensamento crítico do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900).

Sua desconfiança dos valores morais e da razão ela mesma o levou a reprovar a metafísica e o cristianismo. Inclusive, em frases como: Deus está morto!? O filósofo mostrava o quanto o mundo ocidental perdeu significado.
Inclusive, que ideias como “a existência de Deus” não fariam sentido...

Se não existe verdades absolutas, estaríamos imersos em um perspectivismo-relativista.
Eu que não sou e não pretendo ser nietzschiano, prefiro meu bom e ultrapassado xadrez romântico (mais próximo de kasparov!) que aquele “horroroso” xadrez estranho de 
Deep blue...


imagem pública: https://pixabay.com/

quinta-feira, 6 de abril de 2017

O sofista que habita nossa pele



Extirpar o sofista que habita nossa pele, ou brincar de sofista sendo filósofo - sem o ser?
Entre a mentira gozosa do sofista e a verdade seca do filósofo, o que preferir?
A opinião desinteressada é falha, mas é gostosa! ...
A verdade é majestosa, porém, imposta? ...
É bom roçar a mentira porque ela tem um sabor de pecado
Já a verdade, gosto não tem!

Pecado e chocolate ... coisas resistíveis?

***

Descartes explica cuidadosamente o quanto é difícil para nós desconstruir preconceitos.

A imagem do sofista é a de um falastrão, isto porque o sofista ama o relativismo.
Essa perspectiva que deprecia o sofista, de fato, foi construída historicamente a partir de filósofos importantes, como Platão.

Felizmente, ao longo do século XXI, os estudiosos de filosofia antiga mostraram o quanto estes sábios itinerantes foram originais e que esta imagem deles é um tremendo equívoco. Em tempos de retrocesso, crise e intolerância, é salutar valorizarmos tais pensadores que defendiam a autonomia e o pensamento crítico, mesmo que contrariando as normas vigentes.

Não intenciono defender a ausência de verdade ou uma pretensa superioridade dos sofistas sobre os filósofos, até porque não sou nietzschiano!

Mas como estou trabalhando introdução à Filosofia e ética, me sinto obrigado a pensar a sofistica segundo o seu devido valor.

Entre outros temas, gosto da história de Helena de Tróia, um caso interessantíssimo!
Desde os gregos antigos, sábios como Górgias, ironizam a moralidade e defendem a adúltera!

Segue abaixo, alguns tópicos que discutiremos em nossas aulas de introdução à Filosofia

Importância dos Sofistas:

*Mestres da sabedoria
*Colocaram o homem no centro da reflexão filosófica
*O pensamento e a argumentação, ambos, constituem um tema próprio de argumentação
* linguagem torna-se central
* Crítica aos valores tradicionais – através da valorização das opiniões em detrimento dos dogmas da cultura
* Os sofistas propunham ensinar a “arèté” (virtude), e cobravam por tais ensinamentos, o que siginificava, para eles, tornar os homens eficazes e habilidosos na arte de bem falar.

O relativismo dos sofistas é apresentado de um modo interessante em Górgias (485-380 ac)

Para ele “nada existe”; e mesmo se qualquer coisa existe, a gente não a pode conhecer; e mesmo que a possamos conhecer; não podemos exprimi-la!
Assim, com este esquema Gorgias acreditava acabar com a pretensão de conhecimentos objetivos, limitando tudo às opiniões

GÓRGIAS: ELOGIO DE HELENA - breves extratos/fins didáticos

(2) Cabe ao mesmo homem dizer corretamente o devido e refutar os que repreendem Helena, mulher acerca da qual veio a ser uníssono e  unânime tanto a crença dos que deram ouvidos aos poetas, quanto a fama do nome que, de desgraças, tornou-se memória.

(6) Pois, ou por determinação da Sorte e por deliberação dos deuses e por decreto da Necessidade fez o que fez, ou foi raptada à força, ou persuadida pelos discursos, ou surpreendida pelo amor.

(7) Se, porém, à força foi raptada e ilegalmente foi forçada e injustamente foi ultrajada, evidente que, por um lado, o que raptou, como ultrajou, cometeu injustiça; por outro lado, a que foi raptada, como foi ultrajada, foi desafortunada.

(14) [...] assim como alguns dos fármacos expulsam alguns humores do corpo e fazem cessar uns, a doença, outros, a vida, assim também dentre os discursos uns afligem, outros deleitam, outros atemorizam, outros conferem ousadia aos ouvintes, outros, por alguma má persuasão, drogam e enfeitiçam completamente a alma.

(19) Se, então, pelo corpo de Alexandre, o olho de Helena sentiu um ímpeto e transmitiu à alma o conflito do amor, que há nisso de espantoso?
(20) Como, então, considerar justa a reprimenda à Helena? Esta que, ou enamorada, ou persuadida pelo discurso, ou raptada à força, ou constrangida pela necessidade divina, fez o que fez? De todo modo escapa à acusação.
(21) Afastei com este discurso a infâmia de uma mulher, permaneci na regra que estabeleci no início do discurso; tentei dissipar a injustiça da reprimenda e a ignorância da opinião; quis escrever o discurso, por um lado, como um elogio de Helena, por outro lado, como um brinquedo.
Local de acesso: GÓRGIAS. Elogio de Helena. Tradução de Daniela Paulinelli. Belo Horizonte: Anágnosis, 2009. [Apresenta as traduções de textos gregos realizadas pelo grupo Anágnosis, da UFMG.] Disponível em: <http://anagnosisufmg.blogspot.com/2009/11/elogio-de-helena-gorgias.html>. Acesso em 06-04-2017

Observação: Aqui no blog não intencionamos apresentar textos densos e profundos, pois tentamos fazer isso em outros lugares. Por um lado, pecaremos por omissão e superficialidade, mas, por outro lado, deixamos  a normatização acadêmica para discutir de modo mais livre.

Imagem: https://pixabay.com/

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Entre a carne e a merda. Em "um país aparentemente sem ética", por que falar de ética?


Nos assustamos diante da falta de moral/ética de muitos dos nossos políticos, e acreditamos que o nosso país está perdido.

Chega a ser noticiado que compramos carne, mas estamos comendo outras coisas (papelão, merda, etc.).

Em uma sociedade bizarra como a nossa, temos que entender que há uma confusão entre assimilar a "moral" com a "ética".

A moral se refere a um saber já dado, isto é, aos valores e regras que uma dada sociedade construiu historicamente e aceita como "o correto".

Na Ética Filosófica, mais que um conjunto de regras, temos sistemas e teorias de orientação, geralmente propositivas, psicológicas, individuais ou coletivas, teóricas e/ou práticas, mas que supõem uma certa inventividade quanto à aplicação da ética.

Em outras palavras, a moral diz "como fazer/o quê fazer", enquanto que a Ética Filosófica, por sua vez, nos orienta em "pensar o por quê do fazer/ e como fazê-lo segundo este pensar".

Ciência dos fundamentos, a Filosofia nos presenteia com tais problemáticas, e em dias de tamanho desmantelo dos valores básicos, em que a corrupção parece inevitável, cabe lembrar que os momentos de crise são passagens para dias melhores.

Assim como a origem da Filosofia ocidental emerge, na verdade, da "desconfiança", a ética também possui suas raízes nela.

Aristóteles nos diz que a origem do filosofar está no espanto. Ficamos maravilhados com a ordem do mundo, a beleza das coisas, etc., e, assim, ficamos "espantados". 

Eu prefiro pensar que a "desconfiança" é a origem do filosofar e de toda atitude crítica.

Quando desconfiamos podemos nos indignar, e mesmo nos espantar, e assim cobramos ética e exigimos respeito e mudança.

É por isso que a Filosofia Ética, desde os gregos, é sempre atual, pois ela nos faz entender melhor tais momentos de desilusões e problemas.

Aristóteles, por exemplo, insiste em sua obra Ética a Nicômaco, que todas as coisas tendem a um bem qualquer. Neste caso, o bem para o ser humano é a excelência, e para alcançá-la, devemos ser virtuosos.

Neste caso, a Filosofia nos mostra que não basta "ser", sendo necessário, pois, aperfeiçoar o nosso jeito de ser, criando o hábito da virtude.

Se muitos dos nossos políticos não "parecem ser morais", é por que nossa condição histórica os acomodou nesta situação.

Para revertê-la é necessário educação, conscientização e luta política. É claro que isso é muito difícil de fazer... 

Embora pareça haver um abismo entre as teorias éticas e a política real, não basta que aceitemos o desastre como inevitável.

Sabemos que vivemos sob a  ditadura do dinheiro. Nela, temos a falência de uma sociedade que está longe de pensar a educação como prioridade.

Os burocratas e a sociedade trata os professores e servidores como lixo, e os alunos, por sua vez, não querem aprender...
Então, como "obrigar" alguém que não quer saber, saber algo que ele não sabe, embora é importante que ele saiba?

Os professores até reduzem a exigência, usam o lúdico, e tentam acompanhar os gostos dos jovens, utilizando a internet e aplicativos, sempre tentando tornar as aulas "mais interessantes", mas nada disso parece suficiente.

De todo modo, não é assim em todos os lugares, bem como nem sempre foi assim, e tampouco teremos essa falência da educação e da ética para sempre, sobretudo nos pautando no Brasil.

Em qualquer luta, há de haver conscientização.

É por isso que filosofar é preciso...

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